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Tudo que é bom dura pouco


   Será? Eu já usei milhões de vezes essa frase aí em cima e acredito que você também tenha caído nessa. Ela serve direitinho para justificar um monte de decepções que a gente sofre na vida: um namoro que tinha tudo para dar certo e acabou por causa de um ciúme bobo, um emprego ou um curso bacana que a gente perde do nada, uma amizade dessas grandes que vai sumindo e sumindo até desaparecer por completo – por causa da distância ou de um desentendimento qualquer. Nessas horas, bate aquela tristeza e um tipo de saudade antecipada de tudo o que poderia ter sido e não foi. E pior: nem vai ser. Natural esse nozinho na garganta. Afinal, quando não é a gente quem coloca um ponto final em determinadas situações, é como se estivessem nos roubando algo, é essa sensação de frustração que persiste. Mas, em geral, o que nos “roubam” não era mesmo nosso. A ideia é que a gente aproveitasse por um período. E só.

   O problema é que começamos a desejar que certas coisas durem PARA SEMPRE , só porque NAQUELE MOMENTO nos parecem convenientes. Mas a verdade é que, em geral, quando o pior do sofrimento passa, a gente percebe que o tal namoro, curso ou amizade pelo qual tanto choramos nem era, assim, tuuudo aquilo que imaginávamos… Com o tempo, as coisas voltam a ser do tamanho que sempre foram, descontados os exageros das nossas expectativas. E novas oportunidades se abrem à nossa frente, maiores e melhores.
   Por isso, antes de me lamentar novamente por algo que “durou pouco”, acho que vou começar a pensar duas, três vezes. No fundo, todos os romances, as amizades, as oportunidades duram o tempo exato, o suficiente para que a experiência valha a pena. O que acontece é que a vida vai e vem, em ciclos. E um precisa terminar para que a gente se sinta livre, forte, capaz de se jogar no novo.
   Recomeçar – seja o que for – dá sempre um friozinho na barriga. Mas é preciso se desprender do passado para juntar forças e perseguir outros objetivos. Se não foi ou se não é mais, paciência. Importante é ver o lado bom do desafio: agora precisaremos exigir mais de nós mesmas, para vencer as dificuldades que estão ali, bem na nossa frente – e que só poderão ser tiradas do caminho com o nosso esforço pessoal. Dá medo, mas também é gostoso. Que graça teria a vida se ela fosse sempre mais do mesmo, se a gente ficasse acomodado no que é conveniente? Sem essa! Viver é arriscar, é sair do bom para encontrar o melhor, não importa por quanto tempo a felicidade vai durar. O bacana é justamente poder perder, chorar, sofrer… para depois redescobrir o prazer de sorrir, ainda mais confiante na vida e nas pessoas.
   Lamentar-se pelos pontos finais que nos surpreendem é normal. Todo mundo tem direito. Mas vale a pena pensar: será que durou pouco mesmo? Ou já estava na hora de partir pra outra?

Texto de Rita Trevisan, adoro os textos dela, sabe muito! Além de serem engraçados ao mesmo tempo te faz penar sobre muita coisa. Eu adorei, e vocês?

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o texto, concordo contigo =3 Niiiiiiiiih que saudade amooor <3 Linda diva u.u Tudo bom? :D Beijos!

http://dreamsofagirl-blog.blogspot.com.br/

Sr Araujo disse...

Tudo que é bom tem o seu tempo certo de começar e terminar, acho que as vezes nós não nos conformando e acaba sofrendo ainda mais. Gostei do texto apesar de não concordar com "O bacana é justamente poder perder, chorar, sofrer…" O bacana mesmo é descobrir o prazer de sorrir depois disso tudo.